Entrevista com Momad Infulo- Técnico do ProAzul
“Sinto-me feliz em saber que contribuí para o sucesso deste grande projecto.”
1. O que é o Programa MaisPeixe Sustentável no ambito do Swiofish1?
R:Esta pergunta tem sido muito frequente,sendo imprescindível, para mim, responde-la.
Bem é assim, o MaisPeixe Sustentável é um programa desenvolvido a partir da componente 3 do projecto SWIOFish1. O Programa, visa estimular a diversificação dos meios de subsistência dos pescadores e demais actores, da cadeia de valor relacionada com a produção pesqueira, tendo em vista a redução da pobreza e a pressão sobre as pescarias e melhorar o clima de negócios, garantindo maior investimento e produtividade do sector privado.
2. Quando iniciou o programa MaisPeixe Sustentável e quais são os objectivos?
R: Olha, digo sem receio que, o programa MaisPeixe Sustentável é muito interessante, pois, abrange sectores totalmente distintos e tem objectivos claros e bem alinhados. O programa tem duração de 3 anos, tendo iniciado em 2019, e já fez histórias e realizou sonhos.
Um dos principais objectivos deste programa é o de melhorar o nível de renda dos pescadores tradicionais, de forma sustentável, com crescentes ligações com os mercados novos ou existentes. Outros objectivos também de grande importância são: promover as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e iniciativas estratégicas privadas e das organizações consideradas importantes para o desenvolvimento da cadeia de valor da pesca e aquacultura, com envolvimento inclusivo das comunidades; e sensibilizar os actores econômicos sobre a necessidade de alinhar o desenvolvimento das atividades econômicas com a sustentabilidade dos recursos marinhos.
3. Qual é a abragência do programa?
R: Primeiramente, é importante deixar claro que o programa MaisPeixe, está dividido em duas janelas (Janela 1 pesca Artesanal) e (Janela 2 pesca e Aquacultura comercial) e esta sendo implementado em 3 Provincias. A janela 1 está sendo implementada nos Distritos da Beira, Dondo, Buzi, Manchanga e Muanza (Província de Sofala) e Pebane, Maganja da Costa, Namacurra, Nicoadala, Mocubela, Ingassunge e Chinde (provincia da Zambezia) e Angoche, Larde, Moma e Luipo (Provincia de Nampula) e a Janela 2, estende-se em toda aréa de actuação do projecto nas províncias de Nampula, Zambézia e Sofala.
4. Qual é público-alvo da Janela 1 (pesca Artesanal) e Janela 2 (pesca e Aquacultura comercial)?
R: Como bem referi, anteriorimente, um dos pontos interessantes deste programa, é a distinção do público. A Janela 1, tem como público-alvo os pescadores artesanais, comerciantes, processadores e transportadores de pescado, carpinteiros e mecânicos navais, entre outros intervenientes da cadeia de valor, que demostrem capacidade financeira para comparticipar no investimento. E a Janela 2 lida com pessoas individuais ou colectivas (associações, cooperativas ou MPMEs) que demostrem capacidade para comparticipar financeiramente ou com activos.
5. Quais são os principais bens financiados na Janela 1?
R: Na Janela 1, foram financiados congeladores, camaras frigoríficas, colemans, balanças, máquinas de produção de gelo e serras de peixe, bem como viaturas, motorizadas, txopelas e bicicletas, embarcações, redes e motores.
6. E para a Janela 2, quais foram os bens financiados?
R: Na Janela 2, o proponente contribuiu com activos ou bens no valor de 30% do investimento e procedemos a avaliação dos activos/bens pela unidade de Coordenação do Programa MaisPeixe (UCMP), através de uma consultoria, nos casos em que os valores dos bens (com depreciação) não fossem apresentados pelo proponente.
7. Qual é o impacto do MaisPeixe na vida dos beneficiados?
R: O programa MaisPeixe mudou a vida de muitas famílias. Alguns pescadores que se beneficiaram desse programa, testemunham que as condições de vida melhoraram considerávelmente uma vez que a renda duplicou, outros criaram novos negócios, melhorias das casas e dieta alimentar. E olha que foi possível garantir a participação elevada de mulheres (25% do total dos beneficiários).
8. Por que é importante a questão de gênero para o programa?
R: Por muito tempo, a sociedade sempre acreditou que os homens tinham mais facilidade em lidar com trabalho remunerado, em administrar o salário do mês e assumir cargo de chefia da família. Esse pensamento justificava a subordinação feminina e relações desiguais entre Mulheres e Homens.
Hoje em dia, esse pensamento sofreu mutações, o homem assim como a mulher, gozam dos mesmos direitos e oportunidades. Por isso, surgiu a ideia de integrar a mulher no programa, para reforçar a igualdade de gênero. As mulheres desempenham um papel fundamental no sector e estão presentes em toda a cadeia de valor (colheita, processamento, transporte e comercialização).
9. Quais foram os resultados alcançados na Janela 1 e 2?
R: Posso-lhe garantir que os resultados esperados, foram alcançados. Na Janela 1 foram financiados 905 Homens e 308 Mulheres. Nampula com 299 beneficiários, Zambézia 400 e por fim a província de Sofala com 514. E na Janela 2, foram financiados 4 Planos de Negócios, sendo 1 na província de Sofala, 1 na Zambézia e 2 em Nampula.
10. O que te levou a abraçar este desafio?
R: Saber que algumas comunidades teriam as suas vidas melhoradas, e consequentemente, se tornariam independentes financeiramente, foi o meu maior incentivo.
11. Como te sentes em fazer parte do programa?
R: É uma honra fazer parte desse programa, pois não existe maior satisfação que ver os benefeciários com as condições de vida melhoradas. Sinto-me feliz em saber que contribuí para o sucesso deste grande projecto.
12. O que se pode esperar dos próximos ciclos do progama?
R: Tendo em consideração as lições apredidas, espera-se nos próximos ciclos do programa, acções que permitam melhorar a participação da mulher; maior participação dos pescadores de forma a permitir a substituição de artes, embarcações e motores para a melhoria da competitividade do sector; incentivar os PCRs a participar do esquema de financiamento com iniciativas comerciais de maior impacto e tendentes ao associativismo formal; fazer gestão do Mecanimos de Diálogo e Reclamação (MDR) de forma alinhada com a unidade do projecto e ajustar o calendário de chamadas e tempos de nossas respostas para assegurar que não haja atrasos.
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